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Fundação de Paty do Alferes

A história de Paty do Alferes se entrelaça com a de Garcia Rodrigues Paes, filho de Fernão Dias Paes, o lendário “Caçador de Esmeraldas”, em 1700, ano em que foi aberto por ele o Caminho Novo para escoamento do ouro de Minas Gerais ao Rio de Janeiro.

 

Quando Frei Antonil, percorrendo o Caminho, descreveu sua viagem no livro ” Cultura e Opulência do Brasil “, datado de 1711, citou a Sesmaria da Pau Grande ( no atual distrito de Avelar ) como já sendo uma roça que principiava, desbravada em plena selva.

 

A partir da ocupação de terras da sesmaria da Pau Grande, Paty do Alferes, que começou a florescer ainda no sec. XVII, se desenvolveu em ritmo acelerado. Muitos sesmeiros logo se agruparam em torno do primeiro núcleo.

 

Grandes historiadores divergem quanto a origem do nome de Paty do Alferes porém, os registros históricos nos apontam para alguns caminhos e o certo é que por essa terras se estabeleceram, no início da colonização, dois Alferes de Ordenança: Leonardo Cardoso da Silva e Francisco Tavares (depois elevado a Capitão), no local que era conhecido como a “Roça do Alferes” e que foi da união do nome do posto militar de Alferes ao vocábulo indígena dado a uma palmeira abundante na região – os patis – que começou a se delinear, às margens do Caminho Novo, Paty do Alferes.

 

O Capitão Francisco Tavares era o dono da fazenda onde se ergueu a 1ª capela que o Bispo Antônio de Guadalupe, na viagem de 1726, transformou em Curato para atender aos demais cristãos da região. O Capitão foi, ainda, quem doou o terreno em que foi erguida a 1ª Matriz, no ano de 1739, na Freguesia de Nª Sª da Conceição do Alferes.

 

Estas fertilíssimas terras, banhadas pelo Ribeirão de Ubá e Rio do Saco, primeiro acolheram o plantio da cana-de-açúcar. Um século depois, neste mesmo solo, o café viria brotar como ouro, fazendo nascer também uma aristocracia rural formada por nobres intimamente ligados à Corte como o Visconde de Ubá, o Barão de Capivary, o Barão de Guaribú, dentre muitos outros.

 

Na viagem do Duque de Luxemburgo fez ao Brasil, trouxe em sua comitiva, Auguste de Saint-Hilaire que escreveu, em 1823, o livro “Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais” onde foram descritas minuciosamente as construções, os hábitos e até mesmo as tecnologias que eram usadas para a manufatura do açúcar, tornando-se um dos melhores e mais ricos relatos históricos das fazendas e engenhos da nossa região.

 

Elevada ao posto de Vila, em 1820, apesar da pompa com que foi fundada, Paty do Alferes, continuou crescendo apenas dentro dos limites das grandes fazendas e não houve interesse pelo desenvolvimento urbano. Quando a sede foi transferida, em 1833, para a Vila de Vassouras, a nobreza rural patyense permaneceu atuando ativamente na política.

 

Foi em Paty do Alferes, que se desenrolou um dos mais importantes levantes de negros do Estado do Rio de Janeiro. A fuga em massa da Fazenda Freguesia, causou pânico entre os fazendeiros, não propriamente pelo número de escravos rebelados, e sim, pelo que isso representava. Aos primeiros se juntaram os escravos de outras propriedades, mostrando muita organização. Numa região prioritariamente agrícola, alimentada pela mão-de-obra escrava, Manoel Congo, entrou para a história como o líder, que em 1838, fez tremer os sólidos alicerces do regime escravocrata fluminense nas terras do café.

 

Com grande festa, em 1844, foi inaugurada a Matriz de Nª Sª da Conceição, em terra doadas pelo Capitão-mór de Ordenança Manoel Francisco Xavier e sua esposa D. Francisca Elisa Xavier. Em estilo colonial, a construção foi iniciada em 1840 e hoje, o prédio é tombado pelo IPHAN, como patrimônio histórico da União.

 

Em terras patyenses, no ano de 1870, nasceu Imortal Joaquim Osório Duque-Estrada, autor da letra do nosso Hino Nacional.

 

A Fazenda Freguesia, notabilizada pelo fuga de Manoel Congo, voltaria a cena, em 1965, pelas mãos do Embaixador Paschoal Carlos Magno. A Aldeia de Arcozelo foi criada aliando a arquitetura original da sede da Fazenda com adaptações de outros prédios para a formação do maior núcleo cultural da América do Sul. Como atuante espaço para todas as artes, a Aldeia de Arcozelo, administrada pela Funarte, acolhe atividades artístiticas como o Festival de Teatro da Fetaerj – Federação de Teatro Associativo do Estado do Rio de Janeiro e, em 2001, ainda foi palco do VII Encontro Internacional de Capoeira Angola.

 

Emancipada em 1987, Paty do Alferes mantém uma grande produção agrícola com o tomate, de onde vem seu título de maior produtor do Estado e 3º do Brasil. A consagração desta produção rural ocorre, anualmente no feriado de Corpus Cristi, com a realização da Festa do Tomate onde acorrem ao distrito de Avelar, um fluxo médio de 40 mil pessoas/dia. São 6 dias de evento abrilhantado com shows, para grande público, do primeiro escalão da música nacional onde já estiveram presentes Sérgio Reis, Sandy & Junior e Daniel, colocando a Festa do Tomate em nível idêntico as maiores festas do país.

 

Paty do Alferes, um dos berços da ocupação do interior do Estado, é citada em antigos e importantes relatos dos grandes estudiosos de história do Brasil como Antonil, Pizarro, Charles Ribeyrolles, Saint- Hilaire, Taunay, José Matoso Maia Forte e Alberto Lamego, demostrando a relevância da história do município na colonização da Região do Vale do Ciclo do Café.